Sonura Aos Mortos
Memórias d’estas mil alcovas lôbregas,
Perlustro os epitáfios, os semblantes,
Há brandos anjos, murchas rosas sôfregas,
À morte: Os meus silêncios lacrimantes…
Epígrafes datadas de saudades…
Soturno violino à sete palmos…
Pretérito e futuro, ambiguidades…
Um último versar dos raros salmos…
Mil sonhos cujo rastro se prostrou…
O Efêmero é, da vida, a cortesia
Que dá sabor ao doce que amargou
Lembrando-nos que houvera poesia,
E mais um mausoléu longínquo conta:
“No fim aquele alvor sempre desponta”,
Mas nunca há de brindar-nos c’o ambrosia…
Escrito em 6 de setembro de 2024
Estive no esplendor d’este lugar | N’algures dos meus sonhos mais serenos | Dormi nos girassóis, ouvi cantar | Os pássaros nas nuvens, contra o vento…
Pungentes os mundanos são à seda | Das pétalas do ser, que quebradiço, | Eu sou por ver-me sempre na vereda | D’um mundo belicoso e tão mortiço…
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia…
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Escrevo. Bem além do que ressinto | Ou sinto ou do que vejo. Muito mais. | Escrevo por questão da alma, do instinto, | Do sonho mais que as sombras factuais!