Vetiver
Fragrância em tua tez tanto me instiga,
Provoca-me o sorriso, m’entorpece…
Fleumático e febril, viril me intriga…
Estímulo notívago, me aquece…
Co’as mãos em teus cabelos gris, afago,
Enlaço-te e ao teu peito, terno e quente,
Repouso sob o aroma que naufrago
Entoando amor em juras eloquentes;
Diz sim, resvalo o toque e, vultuoso,
— Olência de avidez que ébria me faz —
Permites prolongar, afetuoso,
— Eflúvio de fascínio pertinaz… —
Mantenho-me centrada à cinesia…
Aguardo o éter puro d’ambrosia…
Pupilas dilatadas… tão salaz…
Sou tão só a tua missiver cujo desejo venéreo escorre translúcido entre as pernas. Escrevo-te cartas de fascínio lascivo, entretanto, queria…
Aprecio tua inteligência, todas elas; desde tua clareza mental a respeito do mundo, até a tua amplitude emocional. Assim, quando te sinto imerso em mim na lascívia…
Seus olhos jamais se perderiam em minha memória, ainda que o tempo se regozijasse na tarefa do esquecimento. Contudo, a noite solitária era estranha e fria, meu âmago se calava como um pássaro morto enquanto tudo o que eu sentia era medo…
Eu te sentia, mesmo à distância. E me envolvia aos meus lençóis enquanto o luzir lunar adentrava a minha janela. Pálpebras fechadas, olhos lacrimejantes, pois tamanha era a minha vontade, eu podia sentir tuas…
Quão imensurável é a vontade que verte tão suavemente de minha intimidade, sempre à noite quando me deito, oníricas imagens regam meu adormecer e delas faço aumentar minha calidez até que os sonhos, de fato…
Moroso e calmo como a noite e o silêncio. Vem, toca-me com seus dedos tenros, esqueça o que nos ascende à dor da alma, mate a solidão com a lembrança do meu desejo. Veja que tenho sonhado, diz se você também sonha comigo...
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Desperta-me e se achega teso e arfante | No leito de paixão que nos pertence… | Atrita-se ao que a ti faz-se abundante, | Arqueio, pois tão fácil me convence…