Santidade
Sou tão só a tua missiver cujo desejo venéreo escorre translúcido entre as pernas. Escrevo-te cartas de fascínio lascivo, entretanto, queria eu estar sobre teu corpo, encaixando tua rigidez no meu interior. Queria eu beijá-lo com a língua salivante e a garganta bem aberta… quão sórdido é estares distante, entretanto, ainda escrevo e sei que desperto a tua atenção n’estes instantes. Diga-me, amor, ela conduz-te com as mãos tal como eu? Sob óleo de rosa negra, acariciando-te intensa e cuidadosa, todo o teu corpo arrepiado — eu me lembro. Dizias-me da unicidade da minha massagem em tua túrgida vontade, era verdade?
Enquanto corrigias as provas lôbregas dos teus alunos medíocres, sorvi teu membro, escondida. Tu és um homem cheio de saberes, amor, por isso fascina-te minhas cartas. A erudição erótica que guia o teu fervor. Ela, ela não te dá o que tenho… ainda insistes, entretanto, a vestir-se com esta máscara de bom-homem. Ah, mas tu és tão mal… vil, se posso dizer. Fechavas teu punho quando já dentro da minha carne e socava com um prazer inominável; seus olhos ardiam, sua face era demoníaca. “Fisting”, certo? Quem se importa com o termo? Talvez tu, que sabe tão bem todos eles, cada fetiche, cada diferente forma de explorar o prazer.
Agora, rezas sob o altar. Beijas a tua santa. Curioso é o quão “correto” te tornaste. Embora ainda leias minhas cartas e, vez ou outra, responde-me tão somente com a palavra: “mais”. Dou-te mais, amor, excita-me corromper a tua sacra existência.
Desperta-me e se achega teso e arfante | No leito de paixão que nos pertence… | Atrita-se ao que a ti faz-se abundante, | Arqueio, pois tão fácil me convence…