Notúrnea
Dois breus s’escondem brandos n’este olhar
Transitam, sobretudo, em rubras rosas,
Às vezes, lhanos, tenros, a expressar
Paixões intensas, dores perigosas…
Negrumes íris fitam-nos silentes,
Profundas tal o abismo mortuário,
Portal por onde Lúcifer, ardente,
Perdeu-se enfraquecido e solitário…
Escuros são da noite nectáreos
Lacrimam mel sublime de tristura,
Em trevas nos seduz, sempre sombráreos…
Estão semicerrados em ternura…
Assim reduzem toda a luz cegante,
Abrigam-se em negror vil, delirante,
Nuumita lapidada por fissura.
Raríssimos cristais d’olhos chorosos | Regaram-me o jardim do peito e a dor | Nascera envolta n’água, pois ditosos | Langores deram vida à ave Candor*…
Nesses tempos, minha única vontade é estar bem longe, próxima a uma floresta densa, com neblina e umidade; numa agradável casa aquecida, com lareira e chocolate quente…
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
O Sol, um ponto pálido no céu | Azúleo-gris, opaco e tão brumoso; | Pinheiros, névoa negra como um véu… | N’orvalho d’um dilúculo moroso;…