Arvohreomor
O Sol, um ponto pálido no céu
Azúleo-gris, opaco e tão brumoso;
Pinheiros, névoa negra como um véu…
N’orvalho d’um dilúculo moroso;
Caminho cujo rumo esvanecido
Norteia-me os meus passos n’esta relva,
Profundo-me silente no esquecido
Arbóreo melancólico da selva;
Paisagem que recorro se adormeço,
Que vejo se mi’as pálpebras se fecham
Efúgio meu que tanto tenho apreço…
Tão só no solo dela se apetrecham
Crisântemos plantados por deidades…
Ó leva-me, na morte, à tua verdade
Floresta cujos banzos nunca flecham…
Escaldas, Sol, de modo pálido | Melódicos sons de calada, | Fervendo-me o âmago cálido | A lágrima minha é brumada; | ‘Que queres de mim, ó sazão!…
Há de chover hoje, à tarde, | Este sopro tão tenro segreda | Cá o sol pobrezinho não arde | Seu adeus gradativo arvoreda; | Ó azul melancólico, cante! | As nuvens se unem, me basta…
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
O Sol, um ponto pálido no céu | Azúleo-gris, opaco e tão brumoso; | Pinheiros, névoa negra como um véu… | N’orvalho d’um dilúculo moroso;…