Marcescível
Arthur Parton - Boating by moonlight (1878)
Há de chover hoje, à tarde,
Este sopro tão tenro segreda
Cá o sol pobrezinho não arde
Seu adeus gradativo arvoreda;
Ó azul melancólico, cante!
As nuvens se unem, me basta
Que o dia assim seja infante,
Pois ao imo adentro se vasta;
Acinza-se os céus da redoma
Mais um, do outono, sintoma
Aflições que desfloram-se, nuas,
No meu peito há triste carvalho
Em secura, uma prece ao orvalho,
Rega as dores tão minhas, tão cruas…
Cinéreas nuvens, frio — e a quietude, | A fina chuva, o aroma: há sopa quente | Nos prédios, casas, lares: placitude; | Debaixo, em cobertores — quiescente;