Arvohreomor
O Sol, um ponto pálido no céu | Azúleo-gris, opaco e tão brumoso; | Pinheiros, névoa negra como um véu… | N’orvalho d’um dilúculo moroso;…
Maçã Cítrica
O fruto suculento aos lábios meus… | Amável, tanto cítrico, doçura | De sumo, assim, sublime; que aos museus | Seria, bem decerto, uma obra pura…
Fada
Penugem de mil cântaros de flor, | Pois feitos de suas pétalas o são, | Tesouro de segredo arcano e cor | Carmim enegrecido…
Mormaço
Aflige-me o existir se o outono é febre... | Somente em frigidez eu me apaziguo. | Na toca sou as Cinzas de uma lebre | No tórrido caixão de um lar-jaziguo;…
Outonal Lua Cheia
Desperta no crepúsculo silente | Olhei pela janela o frio outono | A brisa que versava o sol poente | Ornava m’ia paisagem como em sonho…
Augúrio d’Inverno
Quão frígido há de ser este solstício…| Sinto os ares regélidos soprando | Mesmo à clausura, em febre, é propício | Que este tempo vil beije-me nefando;…
Esconjuro
Escaldas, Sol, de modo pálido | Melódicos sons de calada, | Fervendo-me o âmago cálido | A lágrima minha é brumada; | ‘Que queres de mim, ó sazão!…
Marcescível
Há de chover hoje, à tarde, | Este sopro tão tenro segreda | Cá o sol pobrezinho não arde | Seu adeus gradativo arvoreda; | Ó azul melancólico, cante! | As nuvens se unem, me basta…
Noturníesis - Ode
Doce noite tão soturna canta | Como o flúmen verte o pranto santo | Mui serena aquece em negra manta | Doce noite... tenra... triste encanto... | Leva sonhos para o lado escuro…
Outono no.1
Eis, por fim, o Outono... | Frígidas manhãs, | noites de abandono | de todos os afãs; | Das estações: | o sentido; | Do ser, emoções, | de imo luzido;…
Suave Lamúria
Lua nívea e cinérea | Tua penumbra m’encanta | Ó, ao Sol, tão etérea! | És puríssima manta; | Teu tenro alumbrar | Feito para o semblante | Não alcança o olhar…
Neesme
Pequeno como um ínfimo grão | Esplendores de fleuma inefável | Na deslumbrante imensidão | Sonha à nuvem do inestimável; | Entona toda a bela tristura…
Avis Rara
Colibri, Cântico noturno, Rubi d’ouro soturno, Trove p’ra mim…Colibri, Aos meus umbrais, Tardio n’alma jamais, Inverno de mim;…
Contais
Ó! três flores garbosas De seis flores colhidas, Sois as mais morosas Nas nove jarras, findas; S’em doze arbustos vinha Regar de quinze prantos Os caules todos n’uma linha, O verso de…