Mormaço
Aflige-me o existir se o outono é febre...
Somente em frigidez eu me apaziguo.
Na toca sou as Cinzas de uma lebre
No tórrido caixão de um lar-jaziguo;
Escalda este meu ser já condenado
Ao lôbrego lugar abrasador
Que faz na tez o inferno anunciado
Nos últimos versículos do horror...
Privando-me dos ventos nos umbrais,
Parece que este mundo não respira...
Um gole d'água, ou chuva, temporais...
Que o Inverno é una musa que me inspira
Enquanto o fumegar deste planeta
Ebuli a minha vida, uma ampulheta
Revela o fim e a morte que me aspira.
Olhos de pútrida esperança; entre o frígido derredor, onde as mãos do insondável inverno conduzem a pequenez de seres irrisórios..