O Lago Sombrio
Nas minhas vis oníricas vivências
Estive em profundezas obscuras,
Foi dentre o arvoredo de imanências
Que vi medrar assombros e loucuras
E lembro-me d'um sonho recorrente:
Um lago de nascente em uma gruta
Envolto um arvoredo contundente
Que canta e rega em morte quem escuta;
É nele que perdura algum jazigo
E deste seu negrume exala medo
De outroras, guarda horrores lá consigo…
N’um úmido silêncio, horror-enredo,
Escuro como o abismo, é tão medonho!
Receio, pois pressinto a cada sonho
Que logo externará o seu segredo.
N'alcova em solinura eu m'afligia, | Terror de pesadelos: abundante! | Nesta umbra-consciência algo plangia | Em mórbido sonar arrepiante...
Nas minhas vis oníricas vivências, Estive em profundezas obscuras, Foi dentre o arvoredo de imanências, Que vi medrar assombros e loucuras, […]
No erguer-se do luar alcantilado | Crocita um corvo enquanto sou lamúria,…
Vestida em damanoute enegrecida | Desperta e dos sonhares esquecida | Na muda…
Órbitas saltadas por tal horrífico, Manhã fria como o cadáver deitado, Um som à mente penetra sombrífico, Que o rubi líquido verte alarvado; […]
Era bálsamo, era sorrateiro | Olhos turvos — citrino penumbral | Era dia, e mesmo dia, era hospedeiro | D’uma noite tão mórbida e abissal;…
Próxima à escuridão, lá, vislumbrei | Tão cintilantes pontos, verde-água; | Era tanto pavor aos que deixei | Debaixo da loucura — estranha frágua; | Gritos por alarde ao…
Ambígua presença, amedrontas, | Amas-me ó vil criatura? | Canta-me o mal que me contas! | És doce horror, minha agrura; | Guardei-te os olhos tão vítreos…
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Enquanto no convés observava | Revolto o mar estranho parecia, | A negra tempestade se agravava, | Um som horripilante s’espargia…