Agoníria

 

The Nightmare - 1781 - Henry Fuseli

 

N'alcova em solinura eu m'afligia,  
Terror de pesadelos: abundante! 
Nesta umbra-consciência algo plangia 
Em mórbido sonar arrepiante. 
 
O choro era vazio e aterrador 
Mas nunca o despertar me bem-dizia; 
Cruel me simulava — Ó vil horror! — 
No cômodo em bizarra noite fria; 
 
Eterno retornar do lacrimar 
A cada um só segundo mais agudo 
Refém d'um hediondo ilusionar 
 
N'alcova, condenada sobretudo,  
E quando finalmente a me surgir 
O sol duma manhã, meu grão-vizir,  
Um logro — qu'inda durmo em meu veludo. 

Escrito por Sara Melissa de Azevedo em 20 de agosto de 2024 

Agoníria (substantivo poético feminino): Pesadelo sufocante que ilusionar o despertar para enganar a mente e mantê-la aprisionada no plano onírico.

 
 
Sahra Melihssa

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.

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