Sínfora d’Envocação
Marino Lenci
As treze sinfonias tocarão
Ardor da Morte pútrida — evocada
De face em fleuma — sopro de aguilhão
Um canto de langor à dor cessada;
Allegro em tumular sigilo oculto
Das letras, valsa a Lúcifer, o anjo
— Adagio, uma sonura que sepulto
Em rosas escarlates n’um arranjo;
Então, no silencim, às três do alvor
No círculo uma lírica sonante
Minuetto raro emerge em esplendor
Erguendo-se, finale, tão flamante
Em sangue, era o Diabo, estupefato!
Colérico! Esclareço: “Foi o gato!
De negros pêlos, olhos rutilantes!”.
Escrito por Sara Melissa de Azevedo em 31 de agosto de 2024
Sínfora (substantivo feminino poético): Sinfonia macabra. Composição musical para orquestra, em formato de sonata, com teor obscuro e sombrio.
N'alcova em solinura eu m'afligia, | Terror de pesadelos: abundante! | Nesta umbra-consciência algo plangia | Em mórbido sonar arrepiante...