Sínfora d’Envocação

 

Marino Lenci

 

As treze sinfonias tocarão 
Ardor da Morte pútrida —  evocada 
De face em fleuma — sopro de aguilhão 
Um canto de langor à dor cessada; 

Allegro em tumular sigilo oculto 
Das letras, valsa a Lúcifer, o anjo 
 — Adagio, uma sonura que sepulto 
Em rosas escarlates n’um arranjo; 

Então, no silencim, às três do alvor 
No círculo uma lírica sonante 
Minuetto raro emerge em esplendor 

Erguendo-se, finale, tão flamante 
Em sangue, era o Diabo, estupefato! 
Colérico! Esclareço: “Foi o gato! 
De negros pêlos, olhos rutilantes!”. 

Escrito por Sara Melissa de Azevedo em 31 de agosto de 2024 

Sínfora (substantivo feminino poético): Sinfonia macabra. Composição musical para orquestra, em formato de sonata, com teor obscuro e sombrio. 

 
 
Sahra Melihssa

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.

https://castelodracula.com/membros/sahramelihssa
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