Limbo
Circunda-me gris noite, estou tão só…
Por vezes dói, minh’alma s’esvazia
E lembro hei de tornar-me reles pó
Da vida cuja bruma é primazia…
Pergunto-me se Deus… ou se o demônio…
Indago-me no afogo d’este mar
De pranto sorumbático e adônio…
Em salmos esta lira há de adentrar?
A voz d’onipotente nunca ouvi…
Dos seus rivais, decerto, muito menos!
Que doce fleuma mórbida — eu cri…
E crendo vi nobreza em tal veneno
Dos tantos em imagem-semelhança…
Um mundo tão cruel… desesperança…
Ausento-me em mim… limbo tão pleno…
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia…