Demasiado Humano
Assim fragmentar-me e à tez sentir,
Aroma, calidez, silêncio a sós…
Desvelo uma clareira do existir
Às cordas d’este tempo em rijos nós…
A própria companhia que me tenho,
A lôbrega saudade sem porquê,
E mais, toda a memória que mantenho
Retida ao peito frágil — à mercê…
Tão íntimo, tão lânguido, tão meu…
As horas d’este outrora não vivido…
A espera, a fé tão núrida, o breu…
Amálgamas soturnos incendidos
Da gênese à tocante finitude;
Qu’estranha coisa, a vida, que amiúde,
Circunda-se em propósitos partidos.
Estive no esplendor d’este lugar | N’algures dos meus sonhos mais serenos | Dormi nos girassóis, ouvi cantar | Os pássaros nas nuvens, contra o vento…
Pungentes os mundanos são à seda | Das pétalas do ser, que quebradiço, | Eu sou por ver-me sempre na vereda | D’um mundo belicoso e tão mortiço…
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia…
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Escrevo. Bem além do que ressinto | Ou sinto ou do que vejo. Muito mais. | Escrevo por questão da alma, do instinto, | Do sonho mais que as sombras factuais!