Soledade
Foto de Sara Melissa de Azevedo
Kalimba lacrimosa em noite fria:
Sonido de lamúria em languidez,
Se o toque lhe conduz e acaricia
Silêncios mui se prostram — placidez...
Ouvir-te é calmaria e desalento,
Miúdo regozijo, colo e leito,
Conforto de pesar, sopro do vento,
Sonura que assimila a dor do peito...
Kalimba, quão sensível me percebo...
Por vezes m’espaireço refletindo
Que o mundo, porventura, é só placebo...
E às vezes tudo está coexistindo,
Enquanto em minha mente um universo
É só, pedaço ímpar, submerso,
N’um tanto que silente vou sentindo...
Escrito em 22 de setembro de 2024
Estive no esplendor d’este lugar | N’algures dos meus sonhos mais serenos | Dormi nos girassóis, ouvi cantar | Os pássaros nas nuvens, contra o vento…
Pungentes os mundanos são à seda | Das pétalas do ser, que quebradiço, | Eu sou por ver-me sempre na vereda | D’um mundo belicoso e tão mortiço…
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia…
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Escrevo. Bem além do que ressinto | Ou sinto ou do que vejo. Muito mais. | Escrevo por questão da alma, do instinto, | Do sonho mais que as sombras factuais!