Desperta, menina!
Desperta, menina!
Há sonho que termina,
Mas podes, pois, ainda
Sonhar mais de uma vez;
Desperta, menina!
Pega uma tangerina!
Sente mais d’esta tua vida!
Aquietes o febril de tua tez;
Desperta, menina!
Vem cá e lá, vem só, sorria!
Se doer, pois, sê bem-vinda,
No verter d’água em fluidez;
Desperta, menina!
Deixe-se entregar, pois finda,
Esta aurora destes dias,
Desfrute a tua lucidez.

Nas grotas d’uma lôbrega passagem, | A balça gris e sôfrega, que à vista, | Ornava em medo fúnebre a viagem | Aos versos d’um plangente sonurista;…
Pressinto as outonais aragens frias | No âmago e às janelas, devagar… | O belo movimento em pradarias | Tão símeis aos meus sonhos — meu lugar;…
Kalimba lacrimosa em noite fria: | Sonido de lamúria em languidez, | Se o toque lhe conduz e acaricia | Silêncios mui se prostram — placidez...
Raríssimos cristais d’olhos chorosos | Regaram-me o jardim do peito e a dor | Nascera envolta n’água, pois ditosos | Langores deram vida à ave Candor*…
À noite, tilintam... | Entre a breve garoa; | E os brilhos longínquos, | Iguais se tilintam... | No firmamento sereno. | Tradições e esperanças: | Tesouros de vida,…

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Enquanto no convés observava | Revolto o mar estranho parecia, | A negra tempestade se agravava, | Um som horripilante s’espargia…