Elo & Sinfonia

 

The Violin Student (1891), por Stephen Seymour Thomas (1868 - 1956)

 

Tenaz opus sonda e cura,
O agravo do agora se cala,
Exornas-me a grã tristura,
Um gesto de benquerença
Que, pêsame, cor de opala
Análoga à sepultura
Por onde o violino avença
No amar-te que assim m’embala
Anseias-me na partitura.

Escarpa, os olhinegros cravar,
E a treva do abismo tu vês
Que sou, mas vens afinar
Portento opimo só teu
Abeiro-me em calidez
Cortejas-me no aurorar
Dos sóis do solo imo meu
Enfloro-me em languidez
E luro-me em teu firmar.

Se liro assim intrincada
Estimo quem és, me enlaço,
Mãos tuas, aprumo, enseada
Das águas do pranto lasso
De estar, pois, apaixonada.

Teu timbre compõe-me o ser
Portanto, que amanteigado,
O afeto e meu bem-querer
Aspiro o vir compassado
Afago teu âmago a arder.

E sendo já o anoitecer
Vibrando-nos resplendor
A aliança a me conceder
Vertendo-te ao seio-rubor.

Sahra Melihssa

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.

https://castelodracula.com/membros/sahramelihssa
Anterior
Anterior

Cruel Delírio

Próximo
Próximo

Centelha