Delicaen
Pungentes os mundanos são à seda
Das pétalas do ser, que quebradiço,
Eu sou por ver-me sempre na vereda
D’um mundo belicoso e tão mortiço…
O orvalho é p’ra mim chuva profunda
Vertida do infinito celestino,
Portanto um bruto dito m’infecunda,
E o mau, qual for, lancina-me assassino…
Hostil é-me tal mundo e mui me sinto
Ser nada além d’um frágil beija-flor
Que voa, então, precípite ao destino
E teme as mãos humanas, pois há dor…
Fisgado pelo açúcar n’água fria…
Tão fácil pode ser, pela apatia,
Um alvo formidável do horror.
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia…