Manancial
Est’água é Deus, fluída ao corpo e tão vital...
Portanto basilar à fauna e flora,
À sede, alívio vívido — espiral
De grã poder e simples a quem chora...
Est’água é Deus, arcano flúmen: cura;
Orvalho da manhã, bel natureza,
Se jaz no evaporar, volta na chuva,
Três dias sem tua glória: morbideza...
O símbolo do puro e da abundância,
Nascemos nela imersos, preservados...
Est’água é, na memória, a proba infância;
É Deus, fonte primeva, procurado
N'algures do universo, pois é vida!
Pecado é óleo, é cisco, e água ferida
Dilúvio faz p’ra sermos restaurados.
Escrito por Sara Melissa de Azevedo em 30 de setembro de 2024

Circunda-me gris noite, estou tão só… | Por vezes dói, minh’alma s’esvazia | E lembro hei de tornar-me reles pó | Da vida cuja bruma é primazia…
Assim fragmentar-me e à tez sentir, | Aroma, calidez, silêncio a sós… | Desvelo uma clareira do existir | Às cordas d’este tempo em rijos nós…
A cristalina água corrente abluíra as provas de que aquilo não se tratou, tão somente, de uma manifestação…
Despertei assustada, sem razão, exceto por uma sensação de intenso temor. Sentei-me…
Alguns dias e noites bastante invernais se seguiram até que fui levada à Mansão Negra e…
O perfume dos lihrios de ébano serena meu coração desde então; por muito quando as visões…
“Escuta-me”, disse o Demônio, pousando sua mão sobre minha cabeça. “A terra de que te falo é uma terra lúgubre na Líbia…”

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia…