Quanto o tempo resiste na memória?

 

Skulls Painting - Skull Rose by Alex Rios

 

Ó, dos féis que amarguram o meu cerne
estes ventos pretéritos estão,
pois me guiam n'outrora que concerne
às belezas que nunca voltarão,
mesmo sempre almejando que se eterne,
vejo as sombras da idade em seu clarão,
são-me, tais, a penúria de meu cerne;

Sinto as marcas nascendo em minha fronte,
todo pássaro canta lentamente,
tal nostálgica aura é horizonte,
minha essência parece mais clemente,
peço e rezo que exista alguma fonte
p'ra trazer-me, os prelúdios, ternamente,
plenos ares do estro como ponte;

Mesmo embora eu fosse solitária
— como sou desde então, mas em tristura —
lá havia uma mágica lendária
qual vestia em mim íntegra armadura;

Era árdua, porém, revigorante,
neste agora se faz fastidiosa,
tudo pende em sonhar nadificante,
só o fino lembrar mantém-me airosa.

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Sahra Melihssa

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.

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