Opscur no.2
Zdzisław Beksiński
Era bálsamo, era sorrateiro
Olhos turvos — citrino penumbral
Era dia, e mesmo dia, era hospedeiro
D’uma noite tão mórbida e abissal;
Quanto tempo eu fiquei naquele pranto?
Sem lágrima, sem gesto — oscilante
Sob o véu dum semblante em puro espanto
Oculta dentre a bruma agonizante…
Brusco o rasgo em mi’a mísera garganta
Nenhuma dor, porém tão fulgurante
A agônica emoção silenciosa…
Então como um sussurro proferi
O nome que em transtorno eu diferi
Dentre os gritos de súplica frondosa.
Ambígua presença, amedrontas, | Amas-me ó vil criatura? | Canta-me o mal que me contas! | És doce horror, minha agrura; | Guardei-te os olhos tão vítreos…